segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Balanço da viagem 2011 - Carreta Austral

Foram 22 dias de viagem (a mais curta até hoje - as férias cada vez mais curtas), pouco mais de 9.000km (a menor dos últimos anos - a média era sempre entre 10.000 e 12.000km) e três países (fora o Brasil). Muito asfalto (o retorno é sempre um saco de fazer, principalmente no interior da Argentina) e muito rípio (foram pouco mais de 2.000km no Chile), além de vários dias de chuva (embora depois de Caleta Tortel só tenha pegado sol), muito vento em alguns trechos (Azul-Rio Colorado e Neuquem-Bariloche), cinza de vulcão nos arredores de Bariloche e na passagem para o Chile (na ida e na volta) e neve e gelo em duas montanhas na Carretera Austral (perto de Puerto Cardenas e Villa Amanguai). O frio foi uma constante, sempre abaixo de vinte graus durante o dia, sempre abaixo de dez pela manhã e à noite e nas montanhas da carretera abaixo de zero. No geral as estradas estão boas. Mais obras de recuperação nos países hermanos do que buracos. Agora o rípio no Chile estava judiado. Acho nunca tinha pegado tantos ferris em uma viagem. Foram várias travessias e horas de navegação. Incidentes: zero. Mais uma vez nenhum pneu furado (talvez a situação mais crítica), apenas dois remendos de corrente. A moto continua sem nenhuma repreensão: nenhum problema estrutural, mecânico, elétrico etc. Enfim, mais uma viagem bem sucedida e uma meta cumprida - a Carretera Austral, acho que uma das estradas mais bonitas que se pode conhecer nos Andes.

DIA 22 - Porto Alegre!!!

Acordei em Chuí sem pressa esperando o comercio abrir às 9:00 para tentar comprar uma emenda de corrente. Usei a ultima na quebra logo após Bahia Blanca (quebrou um dos lados da emenda em uma tentativa de arrancada com vento de frente). Nenhuma das lojas tinha o modelo que precisava. Sem solução, solucionado está. Parti para Porto Alegre. Depois de 200km, em Rio Grande decidi conhecer a "estrada do inferno" que vai desta cidade até Osório, paralela a BR que pegaria. Tomei uma balsa e conheci um outro motoqueiro que també ia para aquela direção. Acabamos viajando juntos até Osório. A estrada era de areia, mas está toda asfaltada e com trechos bem ruins. Isto mais o acréscimo de 160km em relação a BR (300km) me fizeram chegar as 6:00 em Canoas (na hora do congestionamento), onde fica o hotel que é minha base de operações. Por "sorte" alguem cancelou uma reserva e consegui um quarto (o melhor). Então começou o processo de voltar a civilização, desmontar o equipamento e encaixotar para voltar a Brasília.

domingo, 25 de setembro de 2011

DIA 21 - Brasil!







Cheguei as 7:30 com a moto pronta no porto para comprar a passagem no BuqueBus. Informação errada!!! O ferri não sairia às 8:30, mas às 8:00. Perdi. Tive que pegar um que saía as 8:45, não para Montevidéu, mas para Colônia del Sacramento, a 180 km de Montevideo (aumentou o percurso de viagem). As dez da manhã o ferri chegou a Colonia. Encontrei dois motoqueiros de Limeira, São Paulo, voltando do norte do Chile, enquanto trocava os pesos argentinos por uruguaios. Viajamos juntos por um tempo, em Montevideo eles ficaram para o almoço e eu segui para Punta del Leste. Lá fiquei uma hora rodando e fiz um lanche. Estava bem vazia, pouca gente na praia. Continuando a estrada, as seis da tarde estava passando a fronteira após 550km de Uruguai. Depois de vinte dias estava de volta ao Brasil, em Chuí, no mesmo hotel que fiquei em outras viagens, portugues, real etc.

DIA 20 - Buenos Aires




Sai cedo de Choele Choel. Típica estrada patagônica, entre Choele e Rio Colorado foram 140km em uma reta única (sem uma curva, o cara que projetou a estrada pegou uma régua e fez um traço entre as duas cidades). O plano era chagar ente seis e sete horas da noite em Buenos para dar tempo de comprar a passagem para o ferri do dia seguinte para o Uruguai. Cheguei as nove e meia depois de 950km. De Rio Colorado até Azul, mais ou menos 500km, ventou muito, aquele de 80km/h. Depois de Bahia Blanca a corrente da moto quebrou de novo (tinha uma emenda, mas simplesmente os elos não encaixavam. E era de boa marca. Tive que improvisar com a peça antiga). Mais à frente, a estrada estava fechada e tive que pegar um desvio. Tudo isso, as paradas para abastecer a moto ficaram mais demoradas, pois antes pagava com dinheiro e agora com o cartão tinha que enfrentar fila, rede lenta etc. Fui direto para o BuqueBus comprar a passagem do ferri. Tinha fechado a meia hora (9:00). A informação era de que o ferri sairia para Motevideo as 8:30 e a venda começava as 6:30. Hotel para mim (perto do porto), garagem para moto e um lanche encerraram o dia.

DIA 19 - Choele Choel

Nao deu para sair cedo como queria. Fui atras de gracha para corrente, entre outras providencias de viagem. So consegui pegar a estrada meio encoberta pelas cinzas às 9:30. A idéia era avançar o máximo possível, deixando para o dia seguinte o mínimo de estrada até Buenos Aires. A saída de Bariloche foi pela mesma estrada que havia passado na chegada, mas os rios verdes agora corriam entre montanhas esbranquiçadas pelas cinzas. Um visual diferente. Mais a frente a estrada bifurcava, ou voltava pela estrada com ventos ou por uma outra, inédita, mais próxima das montanhas, mas esta com 150km a mais. Escolhi a segunda para desviar dos ventos, conhecer outra rota e ainda Junin de los Andes (mais 60km). A estrada é bonita mesmo, dentro de vales com um visual meio canion e deu para ir curtindo as montanhas de pano de fundo da paisagem. Passei por Zapala e Neuquem sem problemas e sem vento. Cheguei em Choele Choel (a mesma da ida da viagem) depois de 830km. A novidade é que o dinheiro acabou! Entrei no cartão de crédito que, diferente do Chile, é mais aceito na Argentina.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

DIA 18 - Bariloche













Hoje dei um tiro forte. Sai da Carretera Austral, atravessei a fronteira e vim parar em Bariloche. Foram 230 km de ripio na Carreteira mais quase 400km de asfalto. Sai as oito e meia de Puyuape, com cinco graus, gelo em cima da moto. Ontem e hoje cedo ainda tive a chance de ver uns golfinhos na pequena bahia do porto da cidade. Segui até Santa Lúcia, onde a estrada bifurca desde Chaiten e para a Argentina. Estava um dia de sol sem uma nunvem. Consegui ver a paisagem que no primeiro dia, saindo de Chaiten, estava bem encoberto pelas nuvens. Como disse é outra estrada e com o tempo nublado a paisagem tambem tinha seu valor, com jogos de luz entre nuvens iluminando as montanhas. A estrada no norte realmente é melhor que para o sul. Fica para outra oportunidade passar uma noite em La Junta. Cheguei em Santa Lucia por volta de meio dia, mas nao entrei para a Argentina. Aproveitei o dia e segui até Puerto Cardenas para ver mais da estrada que perdi no primeiro dia com a chuva. Vi enfim o Glaciar Yelche e o lago de mesmo nome. Tambem passei pela montanha que estava com neve e a moto passou de lado no gelo, mas agora quase sem neve, o que quer dizer que tive uma grande oportunidade de vê-la daquele jeito e que no verao a estrada nao tem a menor graca. Foram 60km ida e volta, mas valeu a pena. Finalmente, retornei a Santa Lucia e virei a esquerda rumo à Argentina (77km ate Fulateufu, ultima cidade do Chile). A estrada inédita é linda tambem, com lagos, rios, montanhas, bosques etc, mas ruim tambem. As tres horas estava entre o Chile e a Argentina depois de 10km de asfalto desde Futaleufu ate a fronteira. Dei por concluida e bem sucedida a viagem a Carretera com cerca de 2000km rodados. Depois da fronteira mais 30 de ripio ate a primeira cidade Argentina onde encontrei tres motoqueiros do sul do Brasil (Bento Goncalvez) que iam pegar a Carreteira (sai um, chegam tres). Trocamos algumas idéias e boas sortes para cada lado e seguimos caminho. Em Esquel conheci um senhor, hermano de ruta, que me deu algumas dicas de estrada. As cinco estava atravessando a Ruta-040, montanhas a esquerda e a planície patagonica a direita e a estrada com retas quilométricas a frente. Nao teve muito vento como esperava. As seis entrei no vale que vai dar no parque nacional da regiao dos lagos andinos. A estrada que já havia percorrido na viagem a Ushuaia mantem o visual das montanhas da Carretera, inclusive com os bosques verdes (na patagonia sao substituídos pela vegetacao rala, seca e pedras). A imagem que tinha de oásis no deserto do vale só nao foi confirmada por causa da cinza dos vulcoes (sao dois, parece) que deixou tudo meio opaco. Cheguei a Bariloche as 8:30. Foram 12 horas na moto, sem almoco (em Futaleufu estava tudo fechado - hora do almoco). Consegui um hotel bom e barato, banho quente. Só falta agora a janta.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

DIA 17 - Puyuape





















Acordei cedo, seis da manha, tomei um cafe reforcado e sete e meia estava em frente do ferri. Como ja estava em cima da hora nao abasteci a moto, deixei para Ingeñero Ibañes, do outro lado do lago. Com a moto na balsa, foram amarra-la e me perguntaram se podia molhar a moto. Estranhei, mas disse que nao tinha problema (depois de tanta chuva). O lago General Carrera e o segundo maior, com o vento o meio do lago tem ondas com mais de metro. O ferri faz um zigue-zague para pegar estas ondas de frente para quebra-las. Realmente, molha tudo. O passeio {e bacana, da para ter uma nocao geral das montanhas. Na chegada nao tinha posto de gasolina, comprei no fundo de um quintal algunms litros e fui embora. O inicio da estrada era novidade, mas logo cheguei ao cerro castillo (onde a moto saiu na curva por causa do gelo na pista). Havia mais neve do que antes nas montanhas. A temperatura caiu novamente e nevou, mas desta vez sem gelo, nem derrapagens. Aproveitei e fui conhecer o lago polux, perto de Coihaque. Almocei como um rei (finalmente). Fui em direcao a Amanguai e de fato a pequena cidade entre as montanhas e muito convidativa, mas mesmo assim segui depois de pagar a gasolina mais cara da viagem (R$4/litro). Atravessei novamente a montanha do Parque Queular, mais uma vez com neve e nevando. A diferenca e que o dia estava ensolarado, contrario da chuva da passagem de ida para o sul. Desta vez, vi todas as montanhas sem nunvens. Foi praticamente outra viagem. Conheci entao com chuva e sol, cada uma com seu valor, a carretera austral. No parque passei novamente no Glaciar Colgante e fiz outra trilha. Cheguei em Puyuape sete e meia da noite (valeu a pena, recomendo a cidade). Acabei em uma hospedagem de uma mulher que havia me visto passando de moto em Caleta Tortel. Na estrada sempre cumprimento as pessoas passando nos carros e elas a mim. Numa destas estou ficando famoso por aqui: o unico viajante de moto nestes dias. Ja topei com outras pessoas que me viram na estrada e me reconheceram depois em outros lugares. Ganhei um desconto na pousada. Acabei de jantar (como um rei de novo). Salmao (finalmente, aqui o salmao nao esta facil, e tudo para exportacao)!!!! E com dois brasileiros do Rio que estao por aqui viajando de onibus (coragem).

terça-feira, 20 de setembro de 2011

DIA 16 - Chile Chico













Ontem me senti privilegiado, em plena segunda-feira, enquanto todos trabalham no Brasil, eu nas montanhas de moto. Por outro lado, se for parar para pensar, o Bonus de OHiggens na realidade marcou o inicio do retorno ao Brasil. Agora é só estrada para norte. Saí hoje de Tortel com tempo fechado por volta das dez (lá é sempre assim nesta época e nao adianta sair de madrugada que lá fora está feia a coisa). Peguei a estrada ruim de novo, voltando pelo mesmo caminho. Abasteci em Chrocane onde comi meu cafe da manha (batatas fritas e gatoreit). Tenho comido mal mesmo. Nao por nada, simplesmente nao tem onde. Tudo fechado. Perdi um monte de peso. Mais a frente peguei a estrada para Chile Chico, lado oposto de Puerto Tranquilo. A estrada continuou ruim ate uns 20km antes da cidade. Passei pela margem oposta a Tranquilo, com um visual incrivel das montanhas, especialmente as do lado desta cidade. Depois o visual perde um pouco. As montanhas vao se distanciando e percebi que estava voltando para a planície patagonica.
Aqui apresento uma nova mudanca de rumo. De Chile Chico passaria para a Argentina, para o litoral, ficaria um dia inteiro em Puerto Madryn e depois tudo de volta ate o Brasil. Está dificil sair das montanhas...decidi atravessar o lago de Chile Chico até Puerto Ingeñero Inbañes e voltar pela carretera. Nao ela toda. Vou sair em Futaleufu para a Argentina (Esquel), passando novamente por Bariloche e Neuquem (só me desanima a cinza e o vento). É o tal do Jack (já que estou aqui...).
Nao consigo colocar imagens, dá erro na pagina. Amanha tento novamente.

DIA 15 - fim da carretera













Hoje faz duas semanas de viagem. Tinha programado comecar a voltar, mas me informando direito, descobri que ir ate a Villa Ohiggens nao era tao dificil quanto falavam. Era apenas uma balsa atravessando um fiorde para pegar e mais 150km. A Villa é a última ocupacao humana ao sul do chile e o fim da carreta austral. Nao podia deixar de ir, mas só tinha gasolina para ir e o dia era feriado aqui no chile, depois das comemoracoes de independencia. Em tortel nao tinha gasolina e em OHiggens ninguem tinha certeza se teria ou se algo estaria aberto. Fui no tudo ou nada, qualquer coisa teria que dormir lá. O ferri passava as 10 da manha e voltava a 5 da tarde (de graca). Outra coisa: ontem, indo para tortel, nao vi nenhum veiculo na estrada, e no ferri so tinha eu passando para o outro lado. Fui convidado a tomar um cafe com a tripulacao, o que foi otimo porque nao tinha comido nada. Do outro lado do fiorde, para minha surpresa a estrada nao era tao ruim como para Tortel, mas estava deserta. Mais uma vez o visual da estrada era lindo: montanhas e neve. Cheguei a OHiggins. Uma cidadezinha com dez ruas, mas maior que tortel. Tinha um posto da petrobrás! Aberto! Abasteci atéa tampa. Passei em um mercado, comprei pao, queijo, presunto e uma gatoreit (almoco). Fiz questao de andar mais 7km ate um porto depois da cidade para queimar cada km da carreteira. Descobri que daqui, no verao, se passa para a Argentina, na altura de Chalten.
Voltei a estrada sem pressa, peguei a balsa e retornei a Tortel, para minha suite presidencial (o banheiro já nao estava mais tao limpo), mas sem brincadeira, acho que foram minhas melhores noites de sono com uma janela dando para a bahia da vila.

DIA 14 - Caleta Tortel
























O hotel tinha chuveiro quente sim, calefacao e TV. Dormi bem e tive o melhor café da manha da carreteira. Hoje tinha apenas 220km planejados ate Caleta Tortel. Como a quilometragem era pouca, aproveitei a manha em Tranquilo para conhecer um Glaciar que fica em uma estrada secundaria para o oeste. Tranquilo fica do lado do Campo de Gelo norte, ao norte deste. Entao a estrada segue por um vale com os glaciares a esquerda. Enchi o tanque da moto e peguei o caminho cercado por montanhas e neve. Depois de 52km encontrei um posto de apoio, acordei o guia (era 10:30 da manha) e descobri que ainda teria que caminhar um tanto (2 hs segundo ele). Descidi ir mais a frente para conhecer a estrada, mas nao deu nada de novo. Voltei e fiz o passeio em uma hora. Que decepcao...assim como vi no Peru, o gelo tinha se acabado quase todo devido ao aquecimento global. Se via as marcas da geleira a uns duzentos ou trezentos metros do mirante, só que agora ela estava a mais de um quilometro!
Depois do susto peguei a estrada, saindo tarde de Tranquilo, por volta das 14:00. Dei um gás e logo cheguei a Chrocane. A estrada piorou muito, com buracos grandes, fundos e com quinas nas bordas. Caí em uns tres que doeu o coracao. Tambem tinham trechos com pedras soltas, costelas e o pior: pontas de pedras grandes como um palmo que saiam da terra e podiam furar o pneu. Abasteci em Chrocane e segui com a estrada piorando e, depois de dias de sol, chuva de novo. Em compensacao de vez em quando aparecia o rio Baker do lado da estrada. Um rio de aguas verdes transparentes saídas do lago general carrera, onde fica Tranquilo. Cheguei em Tortel 18:30. É uma vila ou povoado com 600 habitantes. A peculiaridade é que se chega, se deixa o veículo em um estacionamento e se desce com as bagagens nas maos por passarelas. Toda a vila é sobre palafitas, casas e caminhos. Em Chaiten tinha uma expressao: zona zero - zero agua, zero luz, zero ajuda (devido ao vulcao). Em tortel tambem. De cara constatei que nao tinha gasolina. Despois que haviam dois tipos de estabelecimentos (hoteis, restaurantes): os fechados e os lotados (em quase toda a carreteira, como estamos fora de estacao de turismo, quase tudo esta fechado, considerando que nao existe muita estrutura mesmo, fico sem opcao - aqui só se paga com dinheiro, cartao nem pensar). Fiquei em uma pensao, em cima de um mercadinho. Quarto de 5 metros quadrados com banheiro fora, baixando a cabeca para nao bater no teto. Mas uma coisa a senhora nao mentiu: o banho era escaldante.

sábado, 17 de setembro de 2011

DIA 13 - Puerto Tranquilo





















Em chacabuco fiquei em um apartamento completinho. Tenho ficado em lugares com preço entre 40 e 80 reais (10 a 20 mil pesos). Na maioria a agua quente nao é tao quente. Entao como tinha fogao, esquentei agua para o banho e aproveitei para secar as roupas que tinham passado o dia anterior todo na chuva. Sai as dez da manha (aproveitei que parte da estrada seria pavimentada para relaxar). A estrada pavimentada é um conforto e adianta a viagem, mas quebra todo o espírito da viagem...Passei por Cohiaiaque (Cohiaiaiaiaiaiaiaiaque) em uma paisagem diferente do dia anterior, sem os vales profundos de altas montanhas lado e lado, mas em um vale amplo, com montanhas distantes. Cheguei no Cerro Castillo por volta de meio dia, deu manos cinco de temperatura de novo, o asfalto estava tranquilo até em uma curva pegar um veio de água de delego que havia congelado na pista. As duas rodas sairam de lado e fui conseguir parar no acostamento. Tenho andado devagar. Em nenhum momento da viagem dei o máximo. Primeiro para curtir o visual, depois porque nas curvas estao os buracos (eles combinam) e os carros na contra mao (dei de cara com uma dúzia, pelo menos). Depois de acordar, o cerro e a estrada a seguir era...sei lá, sem adjetivos. Viajei o dia todo com sol até chegar em Puerto Tranquilo por volta das tres e meia da tarde. Comi, arrumei um hotel e fiz o passeio de barco a Catedral de Marmore (capilla de marmol). Bem bonito, mas nao barrou o glaciar do da anterior. Agora é ir testar o chuveiro do hotel. O computador nao deixou eu colocar as fotos...

DIA 12 - Mais carretera austral (Puerto Chacabuco)













Hoje foram 12 horas na estrada, 450 km rodados (100 de alfasto) e de tudo um pouco em três etapas. Na primeira sai de Chaiten as 8:30 da manha. Nao teve jeito, estava chovendo e frio, mas valeu a pena esperar um dia na cidade porque nao era mais chuva forte com muito vento e sim a chuva de molhar bobo com pouco ou nenhum vento. O ruim é que as nuvens baixas e pesadas nao deixavam eu ver quase nada da paisagem. Meio frustrante. Depois de 30 km iniciais em estrada pavimentada começou o ripio (terra). Ate aí tudo bem se nao fossem as obras na ruta, 40km de obras com paradas e ripio solto. Por tudo isso acabei nao abusando e decidi nao visitar o glaciar (ventisqueiro) Yelche (eram duas horas de caminhada). Mais frustrante. No final da primeira parte subi uma parte de montanha (a maior parte da estrada seguia um fundo de vale, enrte montanhas altas e nevadas). No alto da montanha: neve (tres graus negativos). A estrada coberta de neve. Bonito, mas deu trabalho levar a moto encima da neve que vira gelo com o peso da moto. Ela literalmente andava de lado e eu com os pés baixos para ajudar no equilíbrio. As vezes a moto empacava e ficava patinando no gelo, mas passou e ai veio a segunda parte.
Depois do apuro na neve veio o vale com sol (Lá pelo meio dia)! Bom, pelo menos um trecho. Nesta segunda parte ficou alternando chuva e sol, mais chuva, na verdade. Pelo menos via as montanhas. Almocei em La Junta. Passei em Pehueyeyeyeyeyey (sei lá como escreve): um cidade que recomendo para todos, colonia historica alema na beira de um lago lindo no parque Queular. Dei sorte a pouco tempo a estrada foi liberada, antes só de barco. Mais à frente veio um dos pontos altos da estrada: o Glaciar Colgante em cima da montanha virando uma cachoeira. Foi show. Primeiro porque nao tinha ninguem nem para cobrar a entrada. Segundo porque o glaciar saiu de trás das nuvens e teve ate desmoronamento de gelo. Seguindo a estrada subi outra montanha, mais neve, mas desta vez sem gelo na pista (muito). Desci e comecou a terceira parte.
A terceira parte foi light. Recomecou o asfalto e o tempo limpou, as seis da tarde vi pela primeira vez em dois dias o sol. Como era asfalto decidi nao dormir em Amanguai, como havia planejado, embora o lugar pedisse para ficar: muito acolhedor entre montanhas. Dormi em Puerto Chacabuco, chegando as oito da noite.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

DIA 11 - Chaiten


Depois de vários dias de tempo bom, sem chuva, ontem fui dormir com a noite nublada e de madrugada já começou a chuva que deve continuar durante todo o dia. Nao pela chuva, mas pelo fato dela nao deixar ver nada da paisagem, optei por ficar o dia em Chaiten, adiando um pouco o inicio da viagem neste trecho da carretera. Quem sabe amanha nao esta melhor para viajar...

O hotel que fiquei tem computador disponivel (de graça), entao vou aproveitar para fazer uma revisao do blog e colocar fotos. Na cidade nao tem nada para fazer e ainda esta ventando muito. O hotel é simples e barato, mas confortável, dá para ficar de bobeira.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

DIA 10 -Carretera Austral





A ideia era sair de Puerto Montt de barco ate Chaiten, 12 horas de viagem a noite, dormindo em uma cabine e a moto na carga. Isto porque a estrada e interrompida. Chegando em Puerto Montt fui a Plaza de Armas e invariavelmente a informacao turistica estava la para me orientar onde comprar a passagem. So que disseram que havia um roteiro que alternava barcos com menos tempo ed viagem e estrada - tudo cronometrado. Honrando o lema: "so e bom porque e ruim, melhor seria se pior fosse", encarei. Acordei as 5 da manha e antes das seis estava na estrada. 60 km ate uma rampa para balsa (uma parte de ripio - terra). Peguei a primeira balsa que saiu as 7:30 (meia hora de atraso). As oito e pouco estava na segunda estrada, cerca de 60km de ripio (os primeiros km da lendaria carretera austral). Fiz em uma hora, chegando as 9 e pouco em um porto localizado ja no meio das montanhas de picos nevados dos andes. O barco sairia as 10:30, mas um carro caiu da rampa de acesso e teve que ser puxado com um caminhao com guindaste, resultado: atraso. Depois de quatro horas de navegacao no meio de um fiorde com montanhas que por si so ja valeu o "passeio" chegamos a outra parte de estrada de 15km. Depois um ultimo barco e meia hora de viagem e, por fim, uma estrada de 60km, cujos 30 primeiros valeram o dia. No final cheguei a Chaiten, 170 km rodados e uma paisagem fantastica (para variar). Ja a cidade de Chaiten e aquela que foi atingida pelo vulcao de mesmo nome (visinho a cidade) a tres anos e ainda esta destruida em boa parte. Estou no unico computador com internet da cidade...e a fila empurrando. Como nao consigo um computador descente, nada de fotos...vamos ver o proximo.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

DIA 09 - Chile!



Iniciei a viagem com uma surpresa para Puerto Montt. O pó que apareceu no caminho entre Neuquem e Bariloche era cinza vulcanica. Um vulcao na cordilheira, do lado chileno, estava soltando nuvens de cinza e a estrada ficou fachada no dia em que estava em Bariloche (ontem). Entao viajei dentro de nuvem de cinzas que agora cobriam a estrada até a fronteira. A Vile de Angostura estava debaixo das cinzas com caminhoes e tratores limpando a cinza que cobria tudo. Alguns lagos que normalmente ter a cor verde transparente estavam com uma pelicula de pó flutando, dando uma cor cinza. As arvores cobertas de cinza tambem. Subi a cordilheira em direcao ao chile, a estrada com bastante cinza e cercada pela neve. Passei do lado do vulcao, envolto por uma nuvem de chuva e bombando a cinza para cima, mas aparentemente com menos efeito. O visual foi incrivel. Logo avistei as montanhas pontiagudo e osorno que ficaram no visual ate Puerto Montt. Em alguns momentos, depois de cem quilometros ou mais ainda era possivel ver o vulcao e suas cinzas, o pontiagudo e o osorno, mas as cinzas nao passavam muito para o chile, pois o vento as levava para a argentina. Vou dormir em Puerto Montt. Amanha devo chegar a Carreta Austral!

DIA 08 - Bariloche

Fiquei em Bariloche. Troquei o pneu e tirei o pó que depois descubriria o que realmente era...

DIA 07 - Bariloche com tudo um pouco





Comecei o dia pensando em trocar o pneu em Neuquem. Aí caiu a ficha: era domingo. Todo comercio fechado e ainda tinha setecentos quilometros para rodar ate Batiloche. Baixei a pressao do pneu para aumentar a superficie de contato e distriuir o desgaste. Ate Neuquem (240Km) nao teve mais vento, embora 100km antes de Neuquem as plantacoes cercadas por altos pinheiros plantados bem juntos denunciasse o vento que constuma fazer por ali. Alias, ontem e hoje, apesar do vento na saida de Buenos que me acompanhou por uns 300km, o dia foi de sol e frio. Ideal para viajar. Passei Neuquem sem encontrar uma amiga que mora lá e tinha pensado em fazer uma visita. Virei para Bariloche na ruta 237 e ai tudo mudou...Veio o vento, muito forte, sempre de frente. Colei atras de onibus interestaduais que faziam uma mèdia de 100km/h para me proteger mais do vento e gastar menos pneu. A média de velocidade caiu muito. Atravessei uns quilometros dentro de uma tempestade de areia. Quando passei a cidade de Pedra Aguila, "a cidade dos ventos", no meio da ruta, o vento logo passou e entao veio uma "neblina". Se via de longe sua altura, tapando o sol e diminuindo a visao. A neblina no entanto era um pó muito fino. Os morros altos estavam todos brancos cobertos pelo pó. A moto e eu tambem. A viagem continuou lenta com vento e pó. Faltando cem quilometros para Bariloche veio entao, para fechar com chave de ouro, a chuva e o frio da montanha. Diminui mais ainda a velocidade preocupado com gelo na pista (este é tombo certo). Parei, coloquei a roupa de chuva e fui embora. A viagem que previa chegar as duas ou tres da tarde se prolongou ate seis da tarde. A pedreira so foi quebrada pelo visual incrivel do vale que se inicia desde cem quilometros antes de Bariloche. Aqui esta anoitecendo por volta de oito (em buenos era sete). Por fim tudo certo. O pneu aguentou.

DIA 06 - Quase Neuquem



Sai de Buenos por volta das oito e meia. Demorei muito para sair do transito urbano. Apesar de ser sábado, existem muitos cruzamentos para decidir o caminho (nao consegui botar o GPS para funcionar), pedágios, transito de caminhoes, etc.
Depois de superado esta dificuldade inicial, logo saindo da area mais urbana, comecou o vento (agora em setembro é o auge da temporada dos ventos). Foram ventos de 100 km/hora, com rajadas de 120. Quase sempre frontal. Como nao queria diminuir o ritmo para nao atrasar mais a viagem, acelerei. Gastei mais combustível e muito mais pneu. Na verdade o pneu traseiro acabou. Isto, mais a estrada "ruim" (com alguns trechos em obras, buracos mesmo contei seis e nao cai em nenhum), me fez desistir de viajar a noite. Dormi a pouco mais de duzentos quilometros de Neuquem, nem lembro mais o nome da cidadezinha.

DIA 05 - Buenos Aires (ainda)

Mais um dia em Buenos...cortei a corrente da moto para ficar no tamanho certo (nunca consegui comprar uma corrente na especificacao da minha moto). Tinha programado para amanha o retorno na estrada com destino a Bariloche com uma parada em Neuquem. Seria um tiro de quase mil quilometros até Neuquem, mais quinhentos ate Bariloche. Mas o que aconteceria na estrada mudaria a programacao...nada como a imprevisibilidade da patagonia.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

DIA 04 - Buenos Aires


Comprei uma corrente extra para a moto e outros itens que esqueci (normal). Fui ao Caminito para relaxar. O lugar é bem "turista", mas acho bacana.

DIA 03 - Buenos Aires


Descanço...esta é a terceira vez em Buenos, entao relaxei mais. Fui ao Ateneu (livraria) e em um tango à noite. E comi bem.

DIA 02 - Buenos Aires na raça


Saí de Cachoeira do Sul (nao dormi em Rosario...), virei em Rosario e desci para o Uruguai preparado para os 1000km de estrada e duas fronteiras. Faltando uns 30km para Santana do Livramento, ultima cidade brasileira, a corrente da moto partiu em uma ultrapassagem padrao. Demorei meia hora para colocar uma emenda nova no acostamento da estrada. Só que a corrente ficou ruim, estalando muito. Busquei atendimento na cidade e optei por comprar uma corrente nova. Comprei a dita no Uruguai (Rivera, que é uma fronteira seca, nao se distingue Brasil e Uruguai), tive que cortar um pedaço para ficar no tamanho certo e troquei a antiga estalante. Resultado fiquei tres horas parado no total. Atravessei o Uruguai até Payssandu (cerca de 300km) e entrei na Argentina anoitecendo. Resolvi continuar pois a estrada era ótima, duplicada e bem sinalizada. Cheguei em Buenos quase onze da noite depois de 15 horas de viagem com um pacote de biscoito, um sanduiche e dois refris. Para quem quer emagrecer, este é o segredo.

DIA 01 - Saindo de Porto Alegre

Os preparativos da viagem começaram com força uma semana antes, ainda em agosto, com uma ida prévia a Porto Alegre para revisao (teclado espanhol, nao tem til) da moto que acabou ficando em Caxias do Sul com meu brother Guilhermito (base 02). Ele cuidou da moto e de outras coisas da viagem, me quebrando o galho, enquanto retornava a Brasília para a ultima semana de trabalho antes da viagem. Domingo, dia 04, voltei para Porto Alegre para dar início a viagem no dia 05.

Dia 05, debaixo de chuva, subi a serra até Caxias, onde peguei a moto e outros itens de viagem. Retornando ao hotel (base 01), em Porto, fui arrumar a bagagem na moto, ainda passei na empresa e no escritório de uma amiga (base 03) para deixar uma parte da bagagem. É assim uma parte das minhas coisas fica em cada base.

Depois de tudo, só consegui sair para a estrada às quatro da tarde, debaixo de chuva e frio (10graus). Queria rodar uns 600km neste dia e dormir no Uruguai, mas como saí tarde rodei apenas 330. Fui dormir em Rosário, interior do Rio Grande do Sul. Faltavam 1000 até Buenos Aires - a próxima parada planejada.

Detalhe: quando parei a corrente da moto estava estalando muito...

sábado, 3 de setembro de 2011

VIAGEM NDH 2011 - CARRETERA AUSTRAL

Roteiro: Porto Alegre-Argentina (Buenos Aires, Neuquem e Bariloche) - Chile (Puerto Montt e Carretera Austral) - Argentina (Puerto Madrin, Buenos Aires)-Porto Alegre em 20 dias.