sexta-feira, 22 de março de 2013

Dia 8 - Em algum lugar perto do Chile

Nossa preocupação hoje era voltar para Oruro pela mesma estrada com as obras de duplicação, transito pesado e velocidade baixa. Quem diria que esse seria o menor dos problemas…Depois de uma noite agitada (nosso quarto ficava de baixo de um Karaokê), de manhã cedo saí para Tiwanacu, 30km de La Paz. O Guillermito ficou para comprar pneu para a moto dele. Fiquei 1:30h no sítio arqueológico, lembrando das viagens para o Peru e cogitando sobre a teoria de as ruínas serem vestígio de Atlantis. Na volta impressiona a visão da cordilheira atrás de La Paz. Outra coisa também chamou a atenção. A estrada quase bloqueada por uns montes de terra de cada lado da mesma. Logo liguei uma coisa à outra: havia uns dias que assistíamos no noticiário local uma manifestação em Oruro com bloqueios de ruas. Deduzi: a coisa se alastrou e estão fechando as estradas. Logo lembrei da revolta campesina da minha primeira viagem à Bolívia. O país um caos, estradas fechadas com carros destruídos, queimados e saqueados. Pessoas feridas no meio da violência. Em La Paz cheguei ao hotel e o Guillermito confirmou a manifestação de Oruro havia se alastrado. Porque a revolta? O governo queria mudar o nome do aeroporto. Como assim alguém poderia perguntar. Isso mesmo. Brincadeira...Na saída de La Paz o primeiro bloqueio com pneus queimados, entulhos, manifestantes e polícia de choque. Abastecemos e nos embrenhamos na periferia da cidade, em ruas de terra onde outros veículos procuravam um caminho alternativo. Achamos um que era controlado por uma escavadeira que cobrava “platas”para liberar a passagem por um caminho enlameado. Passamos sem pagar com as pessoas vibrando por não termos caído na lama. Saímos de volta na estrada mais à frente, porém outros bloqueios viriam. Optamos por enfrentar os bloqueios ao invés de tentarmos caminhos alternativos por estradas vicinais de terra. Separamos dois bolsos com dinheiro. Em um, nota de 50 bolivianos, no outro, dólares. O primeiro porque eu sabia que iria ter um pedágio em cada bloqueio. O segundo caso quisessem saquear as motos, para negociarmos uma liberação. No primeiro bloqueio fui conversar com o líder do bloqueio e em uma negociação rápida fomos liberados com o pagamento de um “refresco” com a nota de 50 bolivianos, além da promessa de não comentarmos nada nos bloqueios seguintes. E assim seguimos, bloqueio após bloqueio, uns cobrando outros não. Não havia a tensão da revolta da viagem anterior. Todos tranqüilos, claro com a exceção de um ou outro mais exaltado que carregava uma pedra na mão ou gritava algo. Esses, fazia a questão de cumprimentar com a cabeça, com o capacete aberto. Não tinha me dado conta, mas minha roupa preta, às vezes, era confundida com o uniforme da polícia daqui. Na estrada pessoas caminhando carregando bolsas e malas, locais e turistas, assim como filas quilométricas de caminhões. A estrada estava vazia, praticamente só nossa, mas acumulamos 2hs de atrasado. Colocamos em prática um plano alternativo. Antes de Oruro, depois de 100km de La Paz, quebramos para oeste. Uma estrada que segue para o Chile, Arica. A estrada estava livre e era quase um tapete. A paisagem é linda com montanhas nevadas, vales (rio desaguadero), etc parte do parque nacional Salama. Chegamos em Tambo Quemado, quase fronteira com o Chile e a 100km de Arica, a 4.400 metros de altitude, frio e muito vento. É um ponto de fronteira, tudo muito simples, estrutura mínima, por isso só nos resta comer e dormir. Banho? Quando já estávamos dormindo a senhora do alojamento nos chamou para guardar as motos e as bagagens que ainda estavam nelas ou poderíamos “perde-las”. Tiramos tudo e socamos (literalmente) as motos em uma entrada lateral que era um corredor.